Poema periférico para Cristiano Ronaldo
Esse domingo em mil nove nove nove
No dia 17 de Outubro em Pina Manique
Não sairá da minha memória de afectos.
Meu avô, minha mãe,
meu primo-afilhado
Foram fonte de
angústia dos telefonemas
Nos domingos de manhã
para morrer.
No teu caso tiveste um árbitro atento
Um enfermeiro competente e dedicado
Um delegado ao jogo sempre a teu lado.
O campo era pelado,
estava muito frio
E ao mesmo tempo
uma chuva miúda
Criou as condições
para a tua taquicardia.
Se recebes um troféu lembro essa manhã
Na qual um grupo de pessoas a teu lado
Se recusou a aceitar a photo finish da morte.
À mesma hora a tua
mãe sem nada saber
Abria um pão para
colocar uma banana
Manjar de quem era em
99 ainda pobre.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Vinicius Carriço)
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