Tempestade
de Verão
Quem
diria, quem diria
Quarenta
anos depois
Que
a balada deste dia
Era
feita entre nós dois.
Que na casa da
costura
Com dedais em
colecção
Uma nuvem de
amargura
Traz tempestade
de Verão.
Que
coração naufragado
Sem
direito a cemitério
Vai
comigo a todo o lado
Entre
a mágoa e o mistério.
Que na areia
desta praia
Houve um golpe
de calor
E traz no
desenho da saia
Meu olhar de
pescador.
Quem
diria, quem diria
O
mundo faz a fronteira
Entre
esta luz da Abadia
E
toda a Praia da Vieira.
Que Charneca é
aridez
E Lezíria é
abundância
O teu Bairro
português
Fica longe da
distância.
É
uma casa, é um casal
O
poço de água tão fria
Perto
da estrada real
Quem
diria, quem diria.
Nos livros que
eu escrevia
E em poemas de
nada
Uma teimosa
alegria
Nasce cada
madrugada.
José
do Carmo Francisco
(Óleo de Philippe Jacquet)
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