Retrato de mulher em
Rio Maior
Dos cabelos nasce o vento que anuncia
O fim de uma Província no seu limiar
E empurra a voz com sua luz e alegria
Até às cassa e aos casais, sempre a cantar.
Nas feiras, as
juntas de bois e as raparigas
No pó que o sol à tarde
ajuda a assentar
As sombras não
atingem as cantigas
Que os altifalantes
roucos levam pelo ar.
Do preço desta resina dos pinheiros
Se compra todo o ouro do enxoval
A arca com os cordões mais derradeiros
Está no sótão; vai para a casa do casal.
E o homem da caixa
preta na bicicleta
Tem o retorno para
o ano apalavrado
O ouro que é seu
negócio é sua meta
Dele e do vento que
chega a todo o lado.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)
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