Balada para Nuno Costa Santos
Na balada que componho
À esquina da minha idade
Tudo começa num sonho
Que de repente é verdade.
Que avança na
vertigem
Do som que se junta
a nós
Na voz da Terra a
origem
Duma harmonia sem
voz.
Que Rafael bem organiza
Nas notas que são caminho
Da melodia tão precisa
E ninguém fica sozinho.
Como se romeiro
isolado
A rezar por toda a
gente
Caminhasse ao nosso
lado
Numa direcção em
frente.
Há uma chuva paralela
No meu tempo da infância
Fechava a porta e a janela
A noite era essa distância.
E o vento trazia o
mar
E o vinho era
aquecido
Na lareira do meu
lar
Junto ao avô
perdido.
O açúcar mais barato
Era o doce sumo da uva
Que fica no meu retrato
Nas noites de frio e chuva.
Minha terra era o
espaço
Sem estradas e
isolado
Onde a voz marcava
passo
E não ia a todo o
lado.
No fim de tarde em Lisboa
Não me cansa a melodia
Rafael dá-me em pessoa
O que o «youtube» trazia
Na feliz banda
sonora
Dum livro que é
oração
A ligar a toda a
hora
O tempo e o coração.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Luís Eme)
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