quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Balada da casa da costura


Balada da casa da costura

Foi na casa da costura
Entre agulhas e dedais
Que nasceu a tessitura
Do amor de nunca mais.
Foi no silêncio dos dias
Sempre maiores no Verão
Que sonhei as alegrias
Escondidas num alçapão.
Foi na casa da costura
Em maratonas tamanhas
Num lugar da Estremadura
Nasciam passa-montanhas.
Entre a ternura e a lã
Noite fora num lugar
Até chegar a manhã
Num café a fumegar.
Foi na luz daquela eira
A joeirar contra a brisa
Que a vida verdadeira
Surgia quando é precisa.
E é no sangue pisado
Que nasce cada balada
Leva a voz a todo o lado
Como se não fosse nada.

José do Carmo Francisco

(O óleo é de Jankel Adler)    

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