Vindima na cidade
Concertinas no lagar
Uma vindima tardia
Fica o rancho a esperar
Pela tua companhia
Na calçada da cidade
Na porta da livraria
Nasce a nova verdade
O encontro e a alegria
Na vindima do desejo
Mamilo é bago maduro
Projecta-se a cada beijo
Uma tesoura em futuro
No socalco da calçada
No relevo de uma blusa
Quem vê não dá por nada
Fica uma imagem difusa
No teu corpo de perfil
Na ilusão da geografia
Em Outubro vejo Abril
Primavera é todo o dia
O sol completa o gosto
Dos bagos de cada cacho
Álcool e açúcar no mosto
Num copo de alto a baixo
Botões são portão da quinta
Blusa é a encosta da vinha
Vindima é de quem a sinta
Na cidade tão sozinha
No lagar das concertinas
Na luz fraca das lanternas
As mulheres são meninas
Nestas vindimas modernas
(O óleo é de Peruzi Yigit)
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