terça-feira, 29 de abril de 2014

Atalaia da Barroca - um olhar sobre as casas velhas


Atalaia da Barroca – um olhar sobre as casas velhas

Atalaia da Barroca: nome antigo, fonte sem água, caminhos de silvas e de pó. Ao lado passa uma estrada do século XXI; vinte metros de distância e dois séculos de diferença. Ao som da água contra as pedras da ribeira, apenas os pássaros replicam a melodia que nunca termina. As uvas pretas estão ao lado das pedras e dos figos mas ninguém as vem colher. Aqui houve rapazes (tio Manuel, tio João, tio Nascimento) que subiam às figueiras. Maria do Rosário ficava em casa com a mãe. Aqui comia-se o que a terra dava; couves ou batatas, feijões ou grão-de-bico, favas ou ervilhas, os mimos da horta. Atalaia da Barroca, lugar onde respira ainda o que sobejou do primeiro paraíso. Onde tudo era justo, suficiente, pleno e circular. Entre sementeira e colheita, entre esforço e prémio, entre suor e festa, entre luz e sombra, ser feliz era então aqui um ofício de todos os dias.   

José do Carmo Francisco 

(Fotografia de Autor Desconhecido)

Sem comentários:

Enviar um comentário