Balada da Fábula Urbis
Na antiga marcenaria
Numa das sete colinas
Há um lugar de poesia
Numa casa sem esquinas
No gaveto de duas ruas
Sobreloja, boas vistas
Uma hora vale por duas
No roteiro dos turistas
Um piano e uma guitarra
Personagens num estrado
A música alcança a barra
Do Tejo que passa ao lado
Na passagem das figuras
As coisas mais
importantes
São as rodas das viaturas
E os livros nestas
estantes
Para quem já perdeu a fé
Ou apanhou grande susto
Senta-se e bebe um café
Ajuda o comércio justo
Nas janelas de Lisboa
Entre vozes de vizinhas
Na roupa a secar à toa
Há gatos e cuequinhas
Já passou um amarelo
A caminho dos Prazeres
Na direcção do Castelo
Ouvi risos de mulheres
Vozes puras, de cristal
Miradouro da alegria
São sonhos de Portugal
Na porta da Livraria
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Luís Milheiro)
tão gira, puras vozes.
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